No primeiro dia, pela manhã, sumiram as estradas do Norte. À tarde, foram as do sul .
Quando as estrelas apareceram no horizonte frio, uma névoa desceu sobre a cidade partida.
Mas ele dissera que ia voltar. Seu coração estava inundado de certeza e era feliz.
No segundo dia sumiram as estradas do oeste. A leste se abria uma imensa goela vermelha e empoeirada. A noite desceu silenciosa e esta também desapareceu. Mas confiava na sua palavra. Ele daria um jeito.
Na cidade sitiada do terceiro dia, sumiram as montanhas, as árvores, as ruas.
Perdida na sua torre, admirava o brilho amarelo da lua. Esperava. A palavra dele era uma só. Voltaria.
No quarto dia as portas se desfizeram em pó, as grades, as ameias, o jardim, as flores, o pátio enluarado nada mais existiu enquanto ela aguardava, vigiando o lume claro.
No quinto dia os ferros se retorceram e desabou a torre.
Da janela pendurada no espaço ela esperava, confiante. Mas a janela também se desfez e o amado não voltou.
No sexto dia sumiram os pés pequenos, as pernas e o corpo. Aturdida, viu a Lua explodir e virar pó que se transformou em nada.
Mais não soube porque não havia olhos, ou boca, ou cabelos.
Apenas uma parte permanecia intacta.
O coração batendo no ritmo da espera.
No sétimo dia ele voltou.
Apavorado com o Nada, pisoteou o coração sem ver.
1 Comments:
WOW.
Você sonhou isso?
Ou pesadelou.
Quem esperava morreu de esperar. Quem prometeu voltar, não deveria partir. O tempo some. As coisas morrem.
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