23 de agosto
“Em que espelho ficou perdida a minha face?”

Eu não tinha este rosto de hoje
assim calmo, assim triste, assim magro
“Em que espelho ficou perdida a minha face?”

Eu não tinha este rosto de hoje
assim calmo, assim triste, assim magro
nem estes olhos tão vazios
nem o lábio amargo
eu não tinha estas mãos sem força
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra
Eu não dei por esta mudança
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida minha face?
(Cecília Meireles)