Eu estava nervosa.
Não devia, mas estava.
Por causa daquela imbecilzinha, daquela nada, daquela... cantora de quinta! Eu, Elizabeth Ant, a todo–poderosa proprietária da Antena ( Ant Extraplanetária – Novidades e Artistas ) detentora do contrato dos maiores sucessos da atualidade na maior parte dos locais da galáxia.
Adicionei três copos de modificadores comportamentais à água e continuei com ódio, agora plácido como as nuvens que passeavam na paisagem do teto.
Impossível esquecer o passado. As três cantoras do Cigarras Girls ( nome ridículo escolhido pela vagabunda, claro, naquela época ditava as regras – era bonita, jovem, e cantava bem ) que ódio! das três supostas cigarras, a única digna do nome - voz belíssima, soprano cristalino, sem um tremido, um falsete.
Agora deve estar uma taboca rachada. E destruída, com a vida que levava Piranha! tivera mais uns três maridos desde Ronaldo e mais de mil amantes
E eu, que me mantenho casta, nunca esqueci o olhar dele, a adoração enquanto cantava obrigada a assistir cada pincelada da paixão formando o quadro anunciado, rangendo os dentes, impotente, morrendo de amor e de ciúme.
Eu nunca fora bonita, éramos duas cantoras feiosas fazendo contraponto para a diva - cabelos negros, olhos de oceano, franjado de cílios grossos, sempre tivera tudo Por que precisou sapatear sobre o meu amor? vagaba!
Não que tivesse nunca me encarado, éramos tristes acompanhantes para sua cena, ajudantes de vida para que brilhasse no palco dos corações masculinos. Um dia cansamos de ser paisagem. Ou foi ela que nos enxotou? Faz tanto tempo.
Saímos feito ratazanas pela porta dos fundos, enquanto ela subia na carruagem de Cinderela. Assisti da calçada ao casamento deles, li cada revista, recorte de jornal, vi as entrevistas, as fotos, as reportagens na estereovisão.
Deixei que o punhal me trespassasse até o fundo para ficar curada. E fiquei.
Mas hoje... hoje ela está viciada, sozinha, sem dinheiro, sem fama, sem nada.
O mundo dá voltas. E eu vou ouvir suas lamúrias, saborear cada uma das palavras suplicantes, os olhos pisados, me deliciar com a pele manchada, o corpo demolido.
Vou escutar a voz rouca e delirar de felicidade. Eu que estou no topo. Eu que poderia transformá-la outra vez em uma celebridade muito maior do que jamais.
O teletransportador apitou, permiti a visita. Era meu dia!.. MEU!
Ela entrou. O ambiente iluminado com seu olhar. Nem uma grama mais gorda, nem um pouco mais velha.
- Oi Beth... - a mesma voz inesquecível – ... há quanto tempo...
Fechei os olhos e vi as multidões delirando a sua passagem, o sucesso insuperável que fazia no meu coração... toda a paixão voltou como no primeiro dia.
- Oi Cigarra... consegui dizer, rouca de amor
Sorriu do velho apelido, ficou mais próxima.
- Está disposta a trabalhar na Antena como exclusiva? Ela suspirou, abriu os lindos lábios rosados e eu renasci.
Hoje é meu maior sucesso – Phenix – conhece? Ma ra vi lho sa!
Moral da história – Já não se fazem mais cigarras e formigas como antigamente
Não devia, mas estava.
Por causa daquela imbecilzinha, daquela nada, daquela... cantora de quinta! Eu, Elizabeth Ant, a todo–poderosa proprietária da Antena ( Ant Extraplanetária – Novidades e Artistas ) detentora do contrato dos maiores sucessos da atualidade na maior parte dos locais da galáxia.
Adicionei três copos de modificadores comportamentais à água e continuei com ódio, agora plácido como as nuvens que passeavam na paisagem do teto.
Impossível esquecer o passado. As três cantoras do Cigarras Girls ( nome ridículo escolhido pela vagabunda, claro, naquela época ditava as regras – era bonita, jovem, e cantava bem ) que ódio! das três supostas cigarras, a única digna do nome - voz belíssima, soprano cristalino, sem um tremido, um falsete.
Agora deve estar uma taboca rachada. E destruída, com a vida que levava Piranha! tivera mais uns três maridos desde Ronaldo e mais de mil amantes
E eu, que me mantenho casta, nunca esqueci o olhar dele, a adoração enquanto cantava obrigada a assistir cada pincelada da paixão formando o quadro anunciado, rangendo os dentes, impotente, morrendo de amor e de ciúme.
Eu nunca fora bonita, éramos duas cantoras feiosas fazendo contraponto para a diva - cabelos negros, olhos de oceano, franjado de cílios grossos, sempre tivera tudo Por que precisou sapatear sobre o meu amor? vagaba!
Não que tivesse nunca me encarado, éramos tristes acompanhantes para sua cena, ajudantes de vida para que brilhasse no palco dos corações masculinos. Um dia cansamos de ser paisagem. Ou foi ela que nos enxotou? Faz tanto tempo.
Saímos feito ratazanas pela porta dos fundos, enquanto ela subia na carruagem de Cinderela. Assisti da calçada ao casamento deles, li cada revista, recorte de jornal, vi as entrevistas, as fotos, as reportagens na estereovisão.
Deixei que o punhal me trespassasse até o fundo para ficar curada. E fiquei.
Mas hoje... hoje ela está viciada, sozinha, sem dinheiro, sem fama, sem nada.
O mundo dá voltas. E eu vou ouvir suas lamúrias, saborear cada uma das palavras suplicantes, os olhos pisados, me deliciar com a pele manchada, o corpo demolido.
Vou escutar a voz rouca e delirar de felicidade. Eu que estou no topo. Eu que poderia transformá-la outra vez em uma celebridade muito maior do que jamais.
O teletransportador apitou, permiti a visita. Era meu dia!.. MEU!
Ela entrou. O ambiente iluminado com seu olhar. Nem uma grama mais gorda, nem um pouco mais velha.
- Oi Beth... - a mesma voz inesquecível – ... há quanto tempo...
Fechei os olhos e vi as multidões delirando a sua passagem, o sucesso insuperável que fazia no meu coração... toda a paixão voltou como no primeiro dia.
- Oi Cigarra... consegui dizer, rouca de amor
Sorriu do velho apelido, ficou mais próxima.
- Está disposta a trabalhar na Antena como exclusiva? Ela suspirou, abriu os lindos lábios rosados e eu renasci.
Hoje é meu maior sucesso – Phenix – conhece? Ma ra vi lho sa!
Moral da história – Já não se fazem mais cigarras e formigas como antigamente
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