SISENÊG
“quem nos cria, nos mata” (helena)
Com Sua fome insaciável, Sua vontade absoluta, Seu poder total, iniciou a procura e a colheita.
Varreu galáxias, o Olho que tudo via, vasculhando o longínquo dos Universos.
Selecionou os paralelos ,os convexos e os côncavos, os geométricos e os não-matemáticos, os que se resumem a instantes fugidios, cujo tempo era tão rápido que só mesmo Ele poderia visualizar. E aqueles tão lentos que se transformavam em falsa eternidade.
Os de boa-vontade, onde a felicidade parecia reinar serena e o tédio se instalava. E os que se digladiavam em busca da verdade, como se existisse uma.
Mundos infinitesimais que moravam dentro de maiores que encerravam outros incontáveis mundos em seu sangue espesso. Na torrente misteriosa de seus meandros.
Os que se ocultavam nos desvãos do tempo, nas dobras do instante. Nas regiões mais insuspeitadas. Na fímbria do Nada.
E preparou todos com carinho, jogou uns contra os outros, cortou, formou maremotos, criou lavas, esmagou pequenos, estilhaçou grandes , pulverizou galáxias, rompeu estrelas, quebrou planetas, ferveu universos.
Então abriu a incomensurável boca com sua fome sem medida. Triturou, esmagou, misturou e enguliu.
Durante seis dias agonizou, envenenado pela sua criação.
No sétimo, Deus morreu.
3 Comments:
Se eu fosse um poeta, se eu tivesse a capacidade de descrever um certo terror que essas palavras despertam.
Um terror diante dessa monstruosidade que cria e destrói movida pela fome imensurável do novo, do que deve vir.
É instigante e, ao mesmo tempo, aterrozante.
E como você escreve poderosamente bem! Eu a admiro demais e não me conformo que fique sumida tanto tempo!
beijos
Mehel, perdão pelo niilismo escatológico, mas eu terminaria:
- No sétimo, Deus cagou a Terra.
cyr
Gênesis pra você também!
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