Monday, June 26, 2006

CAFÉ COM GIRAFAS



O relativismo e os Cassetas

( homenagem ao Bussunda, carioca, flamenguista e irreverente)

O questionamento perpétuo e o relativismo não são necessários para se chegar a um resultado prático. Se quero fazer um bolo, não me interessa se existem a farinha, o fermento ou eu mesmo. Tratarei de usar a suposta farinha e o suposto fermento para fazer o suposto bolo.

Mas o relativismo e os questionamentos são importantes como advogados do diabo. Eles impedem que a gente se leve a sério. Há pessoas demais morrendo por verdades opostas. Neste sentido eles fazem o papel dos Cassetas que, com o seu jeito iconoclasta, vão demolindo igualmente todos os ídolos de barro. Quando o Agamenon colocou como frase do dia: “ Fui” ( referindo-se a morte recente do seu patrão Roberto Marinho ) estava exercendo o sagrado direito anárquico de desrespeitar a morte ( não o morto ) e torná-la menos assustadora.

Este comentário que escrevi, ao acabar de ler o Nome da Rosa e ao qual fui acrescentando outros, ao longo dos anos, formando camadas sucessivas, manteve-se real até hoje e serve para explicar, em parte, o que sinto sobre o relativismo:

O riso como a grande arma contra a verdade que cega. Por amor à verdade entre aspas, mata-se e morre-se e poderemos destruir a humanidade. É o riso que, subvertendo a ordem estabelecida, desmantelando a pretensa grandeza, reduz tudo ao seu ridículo inicial O homem é o único animal que ri. Também é o único que sabe que vai morrer. A gargalhada é seu único triunfo .O único triunfo sobre o nada. É o humor que nos faz lançar um olho lúcido e cético sobre tudo e conseguir sobreviver sem ( muita ) dor .

É a possibilidade de que as coisas não sejam como sempre foram, ou de que a certeza não esteja certa, que nos permite respirar. Pelo menos comigo é assim. Meu fôlego não é dos melhores.

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